26 de março de 2025

Marcas do tempo nas escarpas da Serra de São Pedro (SP): novas pistas sobre a origem dos depósitos superficiais nos pedimentos tropicais

As escarpas da Serra de São Pedro, no estado de São Paulo, são testemunhas silenciosas da longa história geomorfológica e climática da América do Sul tropical. Duas publicações, com participação da pesquisadora Grace B. Alves, ajudam a elucidar os processos que deram origem aos depósitos arenoargilosos que recobrem os pedimentos — superfícies inclinadas situadas ao sopé das escarpas.

O artigo de Villela et al. (2018) investigou detalhadamente uma topossequência no glacis da Serra de São Pedro, aplicando técnicas pedológicas e geocronológicas (LOE) para analisar a gênese dos materiais. Os resultados apontaram diferentes domínios de transformação ao longo da vertente, revelando uma relação complexa entre material autóctone (formado in situ) e possíveis influências de transporte lateral. As datações revelaram eventos de soterramento entre 27 e 11 mil anos atrás.

Já a pesquisa de Pinheiro et al. (2025), publicada na revista Catena, aprofundou-se na origem e cronologia dos depósitos superficiais em dois pontos do glacis, associando mineralogia, micromorfologia e novas idades LOE. Os resultados indicam que os sedimentos têm origem alóctone, provavelmente transportados por eventos fluviais durante os períodos secos do Pleistoceno Superior. Os dados reforçam a ideia de que mudanças climáticas no Quaternário — e não apenas processos tectônicos — tiveram papel central na modelagem dessas superfícies tropicais.

Juntas, as duas pesquisas ampliam nosso entendimento sobre as formas de relevo herdadas e sua relação com os ciclos climáticos passados. Trata-se de um avanço importante para compreender a dinâmica de ambientes pedimentares no Brasil e contribuir com a reinterpretação de modelos clássicos da geomorfologia tropical.

Leia os artigos completos em:
📄 Villela et al. (2018) – Revista de Geografia (Recife), https://doi.org/10.51359/2238-6211.2018.238211
📄 Pinheiro et al. (2025) – Catena, https://doi.org/10.1016/j.catena.2024.108642

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